que as palavras não sejam
que as palavras não sejam tranquilizantes para os cansados,
soníferos para os insones, bengalas para mancos, band-aids para feridos.
que as palavras não sejam somente afagadoras e doces,
fabricadas em confeitarias, morte dos diabéticos, para agrado do pau do Rei e da cruz do Papa.
que as palavras não sejam meio de imperialismo, neurose de Reino,
utilizadas para colonização de consciências, lavagem de cérebros, condicionamento.
que as palavras não sejam espadas, punhais que se empunham,
bradadas por exércitos em marcha, impressas em aviões de bombas carregados.
que não sejam conformadas, resignadas, submissas e dóceis!
que não sejam letra morta.
que as palavras não sejam tanques, que não ilustrem ou defendam crucifixos.
que não sejam escudo hipócrita, construção de fachada, eloquência vã de quem nelas procura esconderijo.
que as palavras sirvam menos para esconder que para revelar!
que tragam à luz muito mais que afundem em porões!
que tenham o aroma fresco da vida.
Publicado em: 17/07/11
De autoria: Eduardo Carli de Moraes
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